segunda-feira, 13 de maio de 2013

Na intimidade com Dindry Buck

Dindry Buck, uma das Drag Queens mais queridas e competentes, que já foi entrevistada por Jô Soares e foi a primeira Drag a participar de um reality show me deu a HONRA de entrevistá-la. 
A personagem é vivida por Albert Roggenbuck, que conta um pouquinho de sua trajetória de sucesso e comenta sobre passagens de sua vida que repercutem até hoje. 



De onde surgiu a ideia de se tornar uma Drag Queen? Por que esta carreira? Você se inspirou em alguém?
Até então não sabia o que era uma Drag Queen, fiz um papel feminino no teatro, numa peça, resultado de uma oficina com a atriz Magali Biff - Fulaninha e Dona Coisa, de Noemi Marinho (eu era a Fulaninha) - depois um amigo meu me transformou de verdade, eu gostei da ideia, fui conhecer a noite e vi que podia fazer daquilo a minha profissão. Tenho formação superior em Comunicação Social/Publicidade e Propaganda, mas consigo sobreviver numa boa como Drag Queen. Minha inspiração são personagens de desenhos animados, mangás...

Você sente prazer no que faz?
Amo o que faço, temos que amar o que fazemos sempre, independente do que fazemos, se não fazemos nada por amor, nada valerá a pena.

Quanto tempo você leva para se transformar em Dindry Buck?
A Dindry Buck geralmente leva em média uns 50 minutos para estar prontinha e arrasar pelo mundo.

De onde surgiu esse nome tão expressivo e diferente?
O nome foi o mais complicado, queria algo que fosse unissex, então ficamos eu e um afilhado querido durante uma tarde fazendo uma escolha de nomes possíveis, ele juntou algumas sílabas e então surgiu essa palavra onomatopeica, mas que é forte, exótica e é a minha cara.

Suas roupas são idealizadas e produzidas por você mesma?
Meu figurino sou eu quem desenho, atualmente aprendi a costurar e estou me arriscando na confecção dos mesmos.

Hoje em dia quem é que sustenta a casa: o Albert ou a Dindry?
Quem sustenta a casa é a Dindry, o Albert, o publicitário faz alguns frees, mas é a Drindry quem manda kkkkk

Você foi a primeira Drag a participar de um reality, o "Tá Na Mão" com Otávio Mesquita. Conte-nos um pouquinho sobre essa experiência.
Uau... Adorei a lembrança. Então, o convite surgiu de um cara da produção que frequentava uma das casas noturnas que eu fazia hostess - Freedom - participei de uma seleção e fui escolhida. Era um misto de felicidade e medo, afinal, essa onda de Reality ainda estava começando e eu não sabia como seria a repercussão, mas foi maravilhoso o carinho das pessoas. Era engraçado porque gente que nunca vi na vida, vinha falar comigo numa intimidade. A mídia tem dessas coisas, é um poder sem igual.

Além desse Reality, em 2011 você participou de "Reis da Rua". Depois que ele foi ao ar, você notou alguma diferença em relação ao público a você? Uma maior "aceitação"?
Como sempre falo: as Drag Queens são a parte do movimento LGBT que menos sofre preconceito, deve ser porque elas vem com essa carga lúdica, divertida, quebrando tabus e paradigmas. O Reis da Rua é a menina dos meus olhos, tenho um carinho imenso por essa série que a TV Cultura de vez em quando reprisa (reprisou agora dia 2 de maio) e o povo ama. Mostra o meu dia a dia, o convívio com minha família, minha religião, a militância e dessa forma quebra preconceitos e mostra que podemos sim viver nossa sexualidade, lutar pelos nossos ideais de forma harmoniosa e que o respeito é possível. Não é à toa que o episódio é sempre sucesso quando passa.


Como foi a experiência de ter sido entrevistada por Jô Soares? De onde surgiu esse convite?

Na verdade, o grande divisor de águas da minha carreira foi minha participação, juntamente com minha partner Sissi Girl, no programa do Jô. Ficamos conhecidas nacionalmente e até hoje o povo ainda comenta dessa participação. Devido nosso trabalho nos mais diversos tipos de eventos, surgiu o convite da produção, passamos por uma bateria de entrevistas e finalmente, quando menos esperávamos foi agendada nossa participação. Fomos tratadas como estrelas: camarim particular com frutas, comidas, bebidas... E a tensão de estar na frente de um mito da TV. Nossa, quem assistiu pode perceber o meu nervosismo, mas foi incrível.



Como surgiu o Esquadrão das Drags?
O Esquadrão das Drags surgiu da necessidade de resolver um problema no centro de São Paulo, mais precisamente no Largo do Arouche, local de encontro de jovens e adolescentes, em sua maioria LGBTs que vem dos bairros periféricos de São Paulo e por estarem distantes da família, da sua comunidade, perdem um pouco os limites e esquecem da regra básica da convivência. Então a Secretaria Estadual da Cultura de Gêneros e Etnias, na pessoa do Cássio Rodrigo e o então coordenador da CADS Franco Reinaudo, entraram em contado comigo e surgiu a ideia de formar um grupo de Drags coloridas e divertidas para fazerem esse tipo de ação. Então surgiu o Esquadrão das Drags - Dindry Buck. Sissi Girl, Nyna Ca$h e Send Buck - levando cidadania, informação e conscientização a todos os frequentadores do Largo do Arouche e adjacências. No começo foi difícil, afinal eles nos víamos como alguém que estava ali para os coibir, mas depois foram percebendo que  na vida temos direitos, mas também temos deveres, é a lei natural das coisas. O Esquadrão conseguiu coisas maravilhosas e o trabalho cresceu de tal maneira que somos chamados para partilhar essas experiências em eventos grandiosos, como foi o Congresso Latino Americano e do Caribe ocorrido no Anhembi.
Da esquerda para direita: Nyna Ca$h, Send Buck, Dindry Buck e Sissi Girl 
Além de festas e eventos, você ainda trabalha em casas LGBT fazendo shows ou até mesmo como hostess?
Comecei minha carreira como hostess em duas casas noturnas de São Paulo, numa dessas casas aconteceu o convite para que eu fizesse o lançamento do Manual da Drag Queen e da Hostess, produzido por mim mesmo (o Manual abrange um pouco a história do movimento Drag no Brasil e no mundo, dá dicas, etc); mas como a demanda das animações em eventos foi ficando maior, não dava mais para conciliar as coisas e tive que fazer uma opção. Optei pelos eventos.

Geralmente por ver as Drags sempre no "fervo", o pessoal pensa que é assim 24h por dia, que vocês não param em casa, frequentam assiduamente casas noturnas, etc. Você costuma sair frequentemente (não para trabalhar, e sim para curtir) ou é mais caseira?
Adoro minha casa, assistir TV, sou fã de novela, adoro as redes sociais... Não tenho mais paciência de ir a uma casa noturna, a não ser que seja um evento super legal, caso contrário, é do trabalho pra casa.

Qual a dica que você daria a uma pessoa que está começando nessa profissão de Drag agora?
Seja original, criativa, humilde e atenta ao que acontece mundo afora.

Este ano você desfilou no Carnaval de São Paulo pela escola de samba X9 Paulistana. Você sempre gostou de carnaval? Foi sua primeira vez a desfilar? O que passou pela sua cabeça ao pisar no Sambódromo no dia do desfile?



O carnaval é uma das minhas grandes paixões. O ano que não desfilo, parece que falta algo, A minha realização foi sair na Mocidade Independente do Rio de Janeiro quando ela foi campeã com o enredo Vira, Virou, Mocidade Chegou. Em São Paulo, já saí em praticamente todas as escolas, Esse ano, devido ao sucesso do Esquadrão, fomos convidados a sair no carro da X9 Paulistana que representava a Diversidade e a empatia foi tão grande que já fomos convidadas a estar no carnaval de 2014.




Como foi ser mestre de cerimônias no lançamento do projeto Papo Mix Diversidade, apresentando as 16 categorias que serão votadas esse ano aos integrantes que compuseram a mesa?
Sempre é legal ter o trabalho reconhecido, se me convidam é porque tenho um estilo Drag Queen mais sereno, light e condizente com o que o espaço (Câmara Municipal) e o momento (apresentação de um projeto) pediam. A indicação foi do vereador Floriano Pesaro, que sempre está na luta pelo respeito às diferenças e eu amei estar ali num momento tão especial.

Na linha Marília Gabriela, vamos para um bate-bola?
O que mais te irrita no ser humano?
Querer aparecer e acontecer a qualquer preço, passando em cima de tudo e todos.
Um sonho?
Já que é para sonhar... Ser enredo de escola de samba (risos).
Um objetivo de vida?
Crescer sempre mais e levar alegria com meu trabalho de Drag Queen a locais inusitados.
Deus pra você é?
Amor. Se você ama de verdade, Deus está se fazendo realidade em você.
Família?
Meu aconchego, meu porto seguro. Minha família é minha mãe.
Lugar ideal?
Minha casa.
O que você pensa sobre si mesmo?
O Albert é uma pessoa tímida, introspectiva e que sonha muito, A Dindry Buck é extrovertida, ousada e consegue o equilíbrio perfeito.

Deixe um recadinho para todos que te admiram.
Queria agradecer imensamente o carinho de todos para comigo, vocês não imaginam o quanto isso me faz bem e feliz. Espero corresponder se não a altura, pelo menos a metade, afinal Amor com Amor se paga. E como diria Dona Beja: "Só oferecemos aos outros aquilo que temos dentro de nós". A todos vocês: Amor, carinho e muito sucesso!
Bruna Sanchez, imensamente feliz com esse carinho e sua atenção para comigo, Sucesso sempre e que o Projeto Drag Lovers continue divulgando o trabalho desses seres maravilhosos - as Drag Queens - que de uma forma especial colorem e fazem o mundo ser mais divertido e repleto de fantasia.

Onde podemos achar e como podemos contratar Dindry Buck?
Querem conhecer meu trabalho visitem meu site: http://www.dindry.com/ ou então acompanhem meu blog que é atualizado sempre http://dindry.blogspot.com/.

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